Este blog é dedicado a todos os amantes da Natureza e ao público em geral. Mas principalmente aqueles que se interessam pelo fascinante mundo dos Lepidópteros (Borboletas). Além de tudo, este blog é um guia onde o leitor poderá conhecer e identificar as mais variadas espécies de borboletas existentes um pouco por todo o mundo.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

BORBOLETAS JURÁSSICAS


. Já imaginou delicadas borboletas a voarem junto a gigantescos dinossauros no tempo jurássico! Pois bem, isso realmente aconteceu! Os fósseis comprovam a sua existência nessa época, ainda que num estado primitivo. As mariposas (borboletas nocturnas) viveram á cerca de 140 milhões de anos, enquanto as borboletas diurnas surgiram há 40 milhões de anos.
Do ponto de vista evolutivo, os lepidópteros constituem um grupo relativamente recente. O registo fóssil conhecido é claramente insuficiente para formar uma ideia clara a respeito dos aspectos evolutivos deste grupo de insectos. Sabe-se no entanto, que a ordem mais próxima é a ordem Trichoptera (insectos de tamanho pequeno a médio, de aspecto geral semelhante ás mariposas). Isso significa que os tricópteros sejam os ancestrais dos lepidópteros, mas ao que parece, os dois grupos emergiram de um ancestral comum, assim como o homem tem um ancestral em comum com os chimpanzés. Entretanto, esse ancestral comum entre essas duas ordens de insectos é datada em aproximadamente 250 milhões de anos, durante o período geológico denominado Permiano. Evidentemente que o grupo dos lepidópteros surgiu posteriormente a essa data. De facto são conhecidos alguns fósseis do Triássico, cuja forma se assemelha á de uma mariposa, não existindo porém, a certeza se representam mariposas primitivas ou tricópteros. Além de serem evolutivamente próximos aos tricópteros, um grupo de mariposas primitivas parece sustentar tal afirmação já que o seu aparelho bucal é formado por mandíbulas adaptadas a cortar folhas, algo incomum aos lepidópteros. Isso indica que de facto, a evolução dos lepidópteros começou de um ancestral cujo aparelho bucal não era formado por uma probóscide.



As mariposas mais primitivas coexistiram junto com os primeiros grandes lagartos do Jurássico, há cerca de 150 milhões de anos. Nos depósitos rochosos do Cretáceo, há 120 milhões de anos identifica-se inúmeros fósseis pertencentes claramente ao vasto grupo de mariposas primitivas. Apesar de não serem conhecidos fósseis de borboletas deste período, elas certamente já existiam, pois o primeiro delas foi encontrado no Eoceno, a cerca de 50 milhões de anos. No inicio do Oligocénico, há 40 milhões de anos, existiam já todas as principais famílias de borboletas e a morfologia geral das espécies fósseis é semelhante á das borboletas actuais.



. Fósseis de Lepidópteros





. Este fóssil contem um exemplar de uma borboleta da família dos Ninfalídeos (Nymphalidae), da espécie Prodryas persephone, encontrado no lago Florissant no Colorado, E.U.A, com cerca de 40 milhões de anos.





. Estes dois exemplares de lepidópteros ficaram preservados em âmbar. 



. Muitos destes lepidópteros adquiriram hábitos nocturnos em consequência da intensa predação por aves em grande expansão no período Cretáceo. De facto, o grupo dos lepidópteros surgiu a quando o surgimento das aves a cerca de 150 milhões de anos e em associação ao surgimento das grandes e diversas angiospermicas, plantas com flores. Ao mesmo tempo co-existiram junto a pequenos mamíferos e estavam também sujeitos á predação de répteis e anfíbios.

Certamente esse conjunto de factores teve um peso enorme durante a evolução do grupo das mariposas e especialmente das borboletas. De facto, o comportamento nocturno de mariposas pode ter sido uma estratégia evolutiva importante para a sua sobrevivência pelo facto das aves serem maioritariamente diurnas. Algumas famílias permaneceram diurnas, protegidas dos predadores a partir de mecanismos evolutivos ligados a propriedade gustativas aversivas e (coloração intensa de aviso contra predadores). Parece também provável que, em resposta á predação por morcegos alguns lepidópteros claramente adaptados ao comportamento nocturno desenvolveram hábitos de voo diurnos. Elas tiveram que reverter a sua preferência habitual, como acontece ainda nos dias de hoje.



A evolução dos lepidópteros está também fortemente associada á evolução das plantas angiospérmicas, das quais se tornaram dependentes. Os primeiros lepidópteros certamente tinham probóscides curtas e alimentavam-se do néctar de flores com nectários extra-florais e de outras fontes de açúcar, como a seiva. A evolução da probóscide destes insectos decorreu paralelamente com a evolução de flores com nectários menos expostos, localizados em locais menos acessíveis. O registo fóssil demonstra que as primeiras angiospérmicas apareceram no início do Cretáceo, há cerca de 130 milhões de anos, período em que todos os lepidópteros existentes tinham mandíbulas adaptadas a cortar e se alimentavam de pólen. Neste período outros insectos da família das moscas e das abelhas eram os principais polinizadores das plantas com flores e apenas no Terciário se deu a explosão de formas de angiospérmicas e em associação, a de lepidópteros, tendo início o processo de co-evolução que encerrou na mais profunda dependência mútua.






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